ATA DA QUINQUAGÉSIMA OITAVA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 14-11-2000.

 

 


Aos quatorze dias do mês de novembro do ano dois mil reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezoito horas e um minuto, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear o Dia Nacional da Polônia, nos termos do Requerimento nº 169/00 (Processo nº 2853/00), de autoria do Vereador Isaac Ainhorn. Compuseram a MESA: o Vereador Renato Guimarães, 2º Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo os trabalhos; o Senhor Marek Makowski, Cônsul-Geral da Polônia; o Senhor Inácio José Kornowski, Presidente da Sociedade Polônia; o Deputado Estadual Iradir Pietroski, representante da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; o Vereador Isaac Ainhorn, na ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Vereador João Carlos Nedel assumiu a presidência dos trabalhos, convidando a todos para, em pé, ouvirem a execução dos Hinos Nacionais Polonês e Brasileiro e, após, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Isaac Ainhorn, em nome das Bancadas do PDT, PT, PTB, PSDB, PMDB, PSB, PFL e PPS, saudou o dia onze de novembro como o Dia Nacional da Polônia, tecendo considerações sobre a importância dos ideais de liberdade demonstrados pelo povo polonês ao longo de sua História e destacando a participação dessa comunidade na colonização do Estado do Rio Grande do Sul. Após, o Vereador Isaac Ainhorn assumiu a presidência dos trabalhos e, após, foi dada continuidade às manifestações dos Senhores Vereadores. O Vereador João Carlos Nedel, em nome da Bancada do PPB, externou sua satisfação em poder participar da presente homenagem, parabenizando a comunidade polonesa radicada no Estado pela passagem do Dia Nacional da Polônia e salientando a contribuição desta etnia na formação cultural gaúcha. A seguir, o Vereador João Carlos Nedel assumiu a presidência dos trabalhos e, a seguir, foi realizada apresentação de números de dança folclórica polonesa, sob a coordenação da Senhora Alice Kuzniar, Vice-Presidenta Cultural da Sociedade Polônia. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Senhores Inácio José Kornowski e Marek Makowski, que agradeceram a homenagem hoje prestada por este Legislativo ao Dia Nacional da Polônia. Na ocasião, o Senhor Inácio José Kornowski convidou o Senhor Mariano Hossa, integrante do Conselho Deliberativo da Sociedade Polônia, a proceder à entrega do Título de Sócio Honorário da Sociedade Polônia ao Vereador Isaac Ainhorn e ao Senhor Marek Makowski. Em prosseguimento, foi realizada apresentação de números de dança folclórica polonesa e, após, o Senhor Presidente registrou a presença da Senhora Longina Conad, Presidenta do Conselho Deliberativo da Sociedade Polônia, e informou o recebimento de correspondências alusivas à presente homenagem, enviadas pelo Desembargador Luiz Felipe Vasques de Magalhães, Presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul e pelo Senhor Boguslaw Zaknzewski, Embaixador da República da Polônia. A seguir, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense, agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezenove horas e dezesseis minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Renato Guimarães, Isaac Ainhorn e João Carlos Nedel e secretariados pelo Vereador Isaac Ainhorn, como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Isaac Ainhorn, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Renato Guimarães): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear o Dia Nacional da Polônia.

Antes de darmos prosseguimento a nossa Sessão, em vista de termos de representar a Câmara Municipal em outra solenidade fora desta Casa, gostaríamos de convidar o nosso Colega, Ver. João Carlos Nedel para assumir a Presidência dos trabalhos.

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Convidamos para compor a Mesa: o Sr. Cônsul-Geral da Polônia, Sr. Marek Makowski; o Sr. Presidente da Sociedade Polônia, Sr. Inácio José Kornowski; o Ex.mo Sr. Representante da Assembléia Legislativa do Estado, o Deputado Estadual Iradir Pietroski.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional Polonês e, logo após, o Hino Nacional Brasileiro.

 

(Executa-se o Hino Nacional Polonês e, logo após, o Hino Nacional Brasileiro.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra e falará em nome do PDT, PT, PTB, PSDB, PMDB, PSB, PFL E PPS.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Também registramos, como extensão desta Mesa, a presença ilustre da Presidenta do Conselho Deliberativo da Sociedade Polônia, figura extraordinária, uma liderança comunitária, Sr.ª Longina Konat; igualmente registramos a presença de uma pessoa muito especial da vida pública rio-grandense, pessoa que tem as suas raízes também na etnia polonesa, refiro-me ao recém-eleito Prefeito de Mariana Pimentel, Dr. Paulo Zulkowski, que se encontra nas galerias desta Casa e que, os últimos dias, tem, com as suas manifestações, com a sua presença política honrado o Rio Grande na sua ação em defesa dos Municípios brasileiros. Saúdo todos os demais representantes da comunidade polonesa aqui presentes, que honram esta Casa neste final de tarde, participando deste importante ato que se realiza anualmente - a partir do ano passado - nesta Casa, conforme determina a Lei nº 8.353, de 1º de outubro de 1999, que instituiu, no âmbito municipal, o Dia Nacional da Polônia. (Lê.) “Fica instituído no âmbito municipal o Dia Nacional da Polônia, a ser comemorado anualmente no dia 11 de novembro.” O artigo 2º, desta Lei, diz que: (Lê.) “A Câmara Municipal de Porto Alegre, em conjunto com o Executivo do Município, a representação diplomática da Polônia, a Sociedade Polônia e as demais entidades representativas da coletividade polonesa local, promoverá atividades comemorativas alusivas à data.” Portanto, encontra-se perpetuada na memória da Cidade, nos registros permanentes da Cidade de Porto Alegre, Senhor Cônsul, a existência de uma data que celebra e reverencia o dia 11 de novembro como o Dia Nacional da Polônia.

Às vezes nos perguntam por que esta Casa elege alguns povos, algumas etnias para prestar homenagens. Porque todos os povos, todas as nações são credoras e são merecedoras, sobretudo quando integram o conjunto da formação da sociedade rio-grandense. Assim, nós, legisladores da Cidade de Porto Alegre, assim como os legisladores da Cidade de Curitiba, de outras regiões e de outros estados, vemos algumas identidades que elegem alguns povos como representativos, sob o ponto de vista de celebrarmos as suas datas, pelas marcas deixadas no rosto e na fisionomia dos seus descendentes, pela trajetória de luta em defesa dos mais sagrados ideais que norteiam a humanidade, como a liberdade e a defesa inalienável dos direitos dos povos.

E, a exemplo de outras comunidades, a comunidade polonesa e a Polônia têm estas marcas no curso da sua história: dor, sofrimento e luta em defesa da liberdade, sem jamais abdicar desses princípios, e, por vários momentos, estiveram privadas da sua liberdade. A própria busca da independência nacional da Polônia, em 1918, perpassou por um longo período de ocupações, de sofrimentos, cuja marca mais marcante na história da sociedade humana e da cultura está expressa na despedida do grande músico Chopin, quando sai da Polônia, no século passado. A história da Polônia sempre tem presente estas marcas de sofrimento, de luta, de dificuldades, e isso, no entanto, não esmoreceu seu povo na vontade de buscar, de conquistar e retomar o caminho da liberdade.

Um dos marcos que tem caracterizado um perfil singular do povo polonês é que este povo se constitui numa das etnias européias mais marcantes na formação do Rio Grande, o povo polonês se constitui na terceira etnia e na terceira mais importante corrente migratória que para o Rio Grande acorreu. Temos, ao lado dos negros portugueses e índios, a etnia polonesa, alemã e italiana. Conversávamos, há pouco, sobre esta característica ímpar desta comunidade que, no Rio Grande, manteve os seus vínculos, mesmo afastada, distante, sem as comunicações da modernidade, sem o computador, sem a telefonia, sem as comunicações e o domínio que temos hoje, desde o século passado, se manteve fiel àquilo que é a característica maior de um povo: a sua cultura, a sua música, as suas tradições, as suas raízes. Isso é uma marca, e estavam muitas vezes isolados, na luta pela sobrevivência, no interior deste Rio Grande, nas comunidades de Guarani das Missões, de Erechim, também aqui, próximos, em Encruzilhada do Sul, Dom Feliciano. Quero também referir um dado que nos trouxe o Prefeito Paulo Zulkowski, ou seja, que em Mariana Pimentel a comunidade polonesa é a mais representativa, em termos numéricos, na formação desse pequeno mas importante Município. E aqui, na nossa Cidade de Porto Alegre, temos esta comunidade tão presente e tão marcante, localizada essencialmente no 4º Distrito, fazendo uma história de mais de cem anos, mantendo as suas raízes e as suas tradições. Mas, referia-me também às passagens de dor, de sofrimento e duas delas não podem deixar de ser registradas como reflexão, por ocasião das comemorações alusivas ao Dia Nacional da Polônia na Cidade de Porto Alegre: a importante participação militar do exército polonês na luta contra as tropas nazistas, que ocuparam de forma solerte, cruel, e bárbara o território daquele País. E aqui, para a nossa alegria, nós vemos figuras que estiveram presentes naquele cenário da 2ª Guerra Mundial, como o Sr. Maria Zulba que participou dos campos de batalha da 2ª Guerra Mundial, tendo estado presente na invasão da Normadia, assim como o Sr. Plavinsky, ambos soldados do Exército Polonês, presentes, a exemplo do Exército Brasileiro, se integrando na luta contra o nazi-fascismo até a sua derrocada final. E, tristemente, a Polônia foi um dos palcos de uma das maiores tragédias da história da humanidade, que foram os bárbaros, os cruéis campos de concentração que dizimaram milhões de seres humanos e cerca de seis milhões de judeus nos campos de concentração de Daschau e Treblika e tantos outros que a crueldade e a barbárie do hitlerismo localizou esses campos no território sagrado da Polônia. Hoje, cada um desses locais de extermínio são monumentos e símbolos localizados na Polônia como marca, estão lá as paredes e as câmaras de gás para relembrar que fatos como aqueles não devem jamais ser esquecidos para que não aconteça isso com nenhum povo, com nenhuma etnia, com nenhuma minoria ou maioria.

Por isso, o nosso registro e o nosso reconhecimento, e também, bem contemporaneamente, a Polônia foi um dos marcos na luta pela liberalização e contra a violência do tacão stalinista, do tacão soviético que humilhou e massacrou povos como a Hungria, como a Polônia, como a Alemanha e tantos outros, depois da divisão e da partilha, após a 2ª Guerra Mundial. Felizmente, a Polônia hoje encontrou o seu caminho, a sua identidade na busca e na reconquista da liberdade e da democracia através do sistema pluralista de escolha livre dos seus governantes, por meio de um sistema que procura, depois de um longo período de dificuldades, consolidar as suas instituições políticas a partir da superação das adversidades econômicas dessa triste herança. A Polônia e o povo polonês jamais se renderam ao autoritarismo que lá tentaram implantar, tanto nos episódios recentes das últimas décadas, como no episódio da 2ª Guerra Mundial, como em tempos mais pretéritos.

Por isso, é essa a marca que nos faz cientes de que, quando apresentamos um Projeto desta natureza e que se transformou em Lei, pelo apoio dos Vereadores desta Casa, a marca singular, e a presença de um grupo tão seleto, de um grupo tão representativo dessa comunidade, da comunidade polonesa na Cidade de Porto Alegre, conforta o nosso caminho e a opção que elegemos de prestar essa homenagem, sabendo que era um reconhecimento a uma comunidade e a um povo, cuja história orgulha a toda a humanidade. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra em nome da Bancada do PPB.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Efetivamente não estava prevista a minha presença nesta solenidade, mas o nosso Líder, Ver. João Dib, teve um compromisso urgente, um compromisso médico e como esta solenidade atrasou um pouco, ele não teve a oportunidade de permanecer. Por isso eu vim representar a Bancada do Partido Progressista Brasileiro ao qual tenho a honra de pertencer juntamente com o Ver. Pedro Américo Leal e Ver. João Dib. Cumprimento os descendentes dos poloneses e a representação do Governo da Polônia aqui entre nós pelo Dia Nacional da Polônia que, hoje, esta Casa comemora, cumprindo uma determinação de Lei. Parece, Ver. Isaac Ainhorn, uma imposição, mas não é. Nós temos muita coisa que vem lá de dentro, que vem da nossa condição de filhos de Deus e que se traduz numa expressão de amor. É por isso que todos nós estamos reunidos hoje aqui, por uma expressão de amor à Pátria, aos parentes, aos descendentes da família polonesa, aos brasileiros que aqui nasceram descendentes dessas famílias e ao futuro do nosso País, que também é uma demonstração de amor. Na semana passada, eu estive em visita a uma amiga que havia vindo recentemente de uma viagem de turismo a Varsóvia. Ela me falava maravilhada sobre a reconstrução de Varsóvia. Eu não vou dizer nova Varsóvia, mas a nova que foi reconstruída nos detalhes, com carinho, com amor e com dedicação. Hoje, a Polônia é um república de extremo vigor em todos os sentidos, vigor cultural e financeiro. Eu me perguntava por que dessa reconstrução? Por que essa força? De onde vem essa força? Pois, eu estava há pouco conversando com os novos amigos e insistindo para que eles descessem até as nossas Bancadas. Eles concordaram, acederam com uma naturalidade tão grande, tão espontânea que cheguei a uma conclusão: uma terra que nos deu o nosso Papa João Paulo II, Karol Wojtyla, que nos deu Frederic Chopin, e que nos dá estas pessoas que aqui estão, polonesas, descendentes de polonês, netos de polonês, ou brasileiros, que amam uma pátria mais distante, por que conseguiu fazer isso? Por que, efetivamente, isto só é atribuído e dá resultado a quem? A quem muito ama. Ama a terra dos seus antepassados, dos mais antigos, a Polônia, e ama a terra dos também mais antigos, mas ainda poloneses, mas que aqui estão, e se naturalizaram, e estão amando esta terra, que é a terra dos seus filhos, dos seus netos, que aqui contribuem fortemente com o nosso progresso. Isto é dedicado apenas a pessoas que muito amam.

Nasci numa cidade cujo Município-mãe chama-se São Luiz Gonzaga. Nasci em Cerro Largo e, ao lado, tínhamos a nossa querida Guarani das Missões, e convivi por muito tempo com descendentes e até com poloneses que ali moravam. Na nossa terra, meu caro José Inácio Kornowski, e podemos nos considerar conterrâneos, porque convivemos e nascemos no mesmo município-mãe, ali a gente viu o que é um trabalho, amor, esforço e dedicação.

Por isso, em nome do Partido Progressista Brasileiro, apresentamos os cumprimentos a todos os descendentes da nossa querida Polônia, ao nosso Cônsul aqui presente Inácio Kornowski, ao nosso ilustre Deputado. Os cumprimentos a todos: que bom que vocês estão aqui demonstrando amor a duas pátrias. Nós crescemos, desenvolvemo-nos, porque muito amor temos a dar e vocês são exemplo e testemunho vivo. Parabéns. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Tenho a honra de devolver a presidência dos trabalhos ao Ver. João Carlos Nedel.

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Apreciaremos, agora, a apresentação do grupo de danças folclóricas, sob a coordenação da Vice-Presidente Cultural da Sociedade Polônia, Sr.ª Alice Kuzniar.

 

(É feita a apresentação do grupo de danças folclóricas.)

                   

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Concedemos a palavra ao Sr. Inácio José Kornowski, Presidente da Sociedade Polônia.

 

O SR. INÁCIO JOSÉ KORNOWSKI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Dia 11 de novembro, falar sobre essa data é extremamente importante e, ao mesmo tempo, de muita responsabilidade. A Polônia tão historicamente falada pelos os seus feitos históricos, seus feitos de bravura, não foi fácil chegar a sua independência, mas ela se pautou sempre pela dignidade humana, pelo progresso científico, pelas artes e isso lhe custava, muitas vezes, a destruição, a partilha tantas vezes feita. Mas, a bravura do seu povo não a deixou esfacelar-se e desaparecer do cenário mundial. Porém, ela sempre também defendeu aqueles princípios fundamentais do ser humano, que são a liberdade e a dignidade do ser humano. E não é de graça que, hoje, se estudam na área jurídica, principalmente, duas leis, melhor dito, três leis importantíssimas até para a humanidade. Uma, promulgada em 1347, que se chamava o Estatuto de Wislica. Era um código de lei civil e penal que dava amparo à nação judaica. Até ali nenhum país, que se saiba, tinha uma lei federal ou constitucional que protegesse essa nação, tão oprimida e tão perseguida também.

A nação polonesa tem esse feito histórico e orgulha-se muito disso, com certeza. Em 1430 é editada a Lei Nemim Captivadimus que é uma Lei que dizia que nenhuma pessoa seria presa sem que fosse provado ser réu. O que diz isso? Isso antecede, justamente, a lei do habeas corpus de 1679 promulgada na Inglaterra. Esta Lei, até hoje, nós usamos no Brasil, também, que é a defesa da personalidade, que é a defesa do ser humano, é a defesa da dignidade para que não haja excessos contra o homem. Essa Lei precedeu portanto o habeas corpus, que é histórico na face humana, esse, inclusive, da Bill of Rights que influenciou inclusive constituições, principalmente a americana, e ela partilhou ao longo de sua história, lutando por uma nação melhor, mais digna, mais valorada, principalmente, no ser humano, chegando na sua Constituição de 13 de maio de 1791, a tão esperada Constituição, onde daria a territorialidade a esse País. O povo polonês teria uma nação definida, teria um território, e nesse território se ampararia. E chegaram ao seu ponto, porém forças maiores que isso não deixaram progredir esse ideal e houve o que a história conta, a destruição, a subjugação, novamente, por interesses, principalmente econômicos. Não houve grandes mudanças ou transformações, o objetivo dessa luta toda, até ali, era transformar a nação polonesa para que o povo tivesse uma vida melhor, mais digna, mais justa, não conseguiram atingir o seu objetivo. Houve pequenos reparos, como se chama, mas não a transformação geral, social e econômica como era a desejada. Destruída novamente, o povo não se entregou, continuou na sua luta até chegar a sua independência. E mesmo declarando a sua independência em 11 de novembro ela ainda continuou com vários problemas como há pouco, inclusive, os oradores que antecederam citaram: o problema das ditaduras, o comunismo, mas sempre houve alguém que surgisse nesse cenário para dar um grito de bravura, de brado. Eu citaria, inclusive, Lech Walessa, que marcou a história mundial provocando uma transformação muito profunda, até no cenário europeu. Vários países, a partir dali, se transformaram, como a queda do muro de Berlim e o fim do comunismo e, com isso, surgindo a figura do João Paulo II, admiradíssimo no mundo, incansável defensor, principalmente do ser humano.

Esse Peregrino da Paz, o mundo hoje aplaude e pede que ele viva mais ainda para que transmita para nós esse exemplo de vida, de vontade e justiça, de vontade de viver com justiça.

Nós, descendentes de imigrantes poloneses, devido às adversidades da Europa, há cento e vinte e cinco anos, aportaram os primeiros nossos antepassados, um pouco depois dos descendentes alemães do meu amigo João Carlos Nedel.

Não foi fácil, principalmente porque as terras melhores já tinham sido distribuídas. Aqui chegaram antes os portugueses, açorianos, ou até espanhóis, logo em seguida, os alemães. Esta vida foi de luta e de bravura e a história lida em livros nos conta isso. Mesmo assim, abnegadamente, dando o exemplo, principalmente, na parte da fé, na união, na moralidade e na dignidade, eles procuraram construir as suas comunidades, deixando para nós os exemplos que estamos colhendo hoje.

Então, Sr. Ver. Isaac Ainhorn, eu digo, não foi de graça e, com certeza, toda a nação polonesa, tanto descendentes como outros, não têm palavras para lhe agradecer por ter um reconhecimento a uma nação, principalmente, por justiça, por liberdade.

E nós, hoje, nas comunidades descendentes poloneses, temos muitos exemplos de pessoas que se inseriram no meio brasileiro e já ajudaram a construir esta Pátria amada, que se chama Brasil, este Rio Grande do Sul, principalmente, que é tão decantado, tão valorizado pela sua riqueza de culturas trazidas pelas suas etnias. E aqui, orgulhosamente, estamos nós, descendentes de poloneses, inseridos nesse caldeamento, construindo essa nova nação, juntamente com os irmãos alemães, italianos, judeus, e tantas outras nações, onde se destacaram várias personalidades, tanto na área médica, na área jurídica, na engenharia e tantas outras profissões. E ao mesmo tempo gostaria de ressaltar aquelas pessoas que deram o seu exemplo, trabalharam para a construção dessas comunidades novas e não foram destacadas, porque elas não tiveram os títulos de doutores, ou professores, ou grandes comerciantes, grandes empresários, mas deram o seus exemplos lá na base, construindo as comunidades, sejam capelas, salões, ou outras entidades para que pudéssemos ter hoje para educarmos nossos filhos, ou que fossem complementos da educação dos nossos filhos, porque se constrói uma nação educando na base. E eles sempre lutaram para isso, porque temos muitos exemplos. Então recordar também é homenagear essas pessoas que se inseriram junto com tantas outras pessoas de maior potencial intelectual ou técnico.

Portanto, mais uma vez, agradecemos ao Ver. Isaac Ainhorn, pela belíssima idéia, e com certeza a Sociedade Polônia como toda nossa etnia estará grata eternamente a este gesto. Muito obrigado.

Aproveitamos este momento para fazer duas homenagens: Ao Ver. Isaac Ainhorn e ao Sr. Marek Makowski. Chamaria o Ver. Isaac Ainhorn para receber a Placa que lhe será entregue pelo Sr. Mariano Hossa, porque lhe foi concedido o Título de Sócio Honorário pelos seus feitos e pela sua dedicação à nossa etnia e à Sociedade Polônia. É com muito merecimento e com muito orgulho que entregamos esta placa, porque houve uma vontade muito grande na projeção da nossa etnia.

 

(Procede-se à entrega da Placa ao Ver. Isaac Ainhorn.) (Palmas.)

 

O SR. INÁCIO JOSÉ KORNOWSKI: Ao mesmo tempo, uma outra pessoa que tem nos acompanhado alguns anos e se destacado, principalmente pela sua gentileza, companherismo, envolvimento, ajuda a nós todos, em todos os empreendimentos de promoção da nossa etnia ou da nossa sociedade e nunca faltou, quando foi solicitada a sua presença, o seu auxílio, sempre disposto com o seu jeito de amigo, camaradagem. Portanto, também distinguimos o Sr. Cônsul Marek Makowski com o título de Sócio Honorário.

 

(Procede-se à entrega da Placa ao Sr. Marek Makowski.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Sr. Marek Makowski está com a palavra.

 

O SR. MAREK MAKOWSKI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Provocado de alguma maneira pelo discurso do Presidente da Sociedade Polônia, Sr. Inácio, gostaria de continuar com as contribuições que a Polônia teve na história da humanidade, nesta linha que o Sr. Inácio tão bem demonstrou e começou a falar nessa bonita data da celebração do Dia Nacional da Polônia em Porto Alegre. É uma coisa impressionante que a história da Polônia seja pouco conhecida no mundo. Os poloneses, além de sempre terem contribuído com valores, aqueles mencionados, luta pela liberdade, direitos humanos e pela democracia, também têm contribuído em momentos decisivos na história da humanidade na defesa desses valores. Em 1683, a Cidade de Viena estava vivendo momentos muito difíceis, cercada pelo muito grande e poderoso exército otomano. Viena era o último bastião da existência da Europa naquele momento. Se houvesse caído, o Império Otomano teria se expandido por toda a Europa. Os austríacos solicitaram ajuda do rei polonês, Ianter Serosubiski. Ele não vacilou. Pegou todo o exército polonês e, em defesa dos valores cristãos, dos valores europeus, chegou em Viena, derrotou o exército otomano e salvou a Europa de ser parte do Império Otomano naquela época. No dia onze de novembro de 1918, após cento e vinte anos de não existir no mapa da Europa, no término da Primeira Guerra Mundial, a Polônia, graças às legiões do marechal polonês Iosef ressurge no mapa europeu. Imediatamente a jovem independência polonesa vê-se ameaçada pelo surgimento, na vizinha Rússia, de um sistema que anos depois mostrou ser uma ditadura cruel e sanguinária: o comunismo. Lenin, idealizador e, naquela época, líder da Rússia Soviética, sabia que a ideologia desse sistema comunista foi idéia de dois filósofos que viviam na Alemanha, Marx e Engels. Sabia também que, após a primeira Guerra Mundial, na Europa, os movimentos dos operários, os movimentos em prol de uma mudança radical eram muito fortes. Sabia que, se ele conseguisse chegar com o Exército Vermelho até a Alemanha, até a França, a revolução iria implodir em toda a Europa e a Europa iria se tornar comunista. Mas, para chegar lá, no caminho estava a Polônia. A jovem Polônia que novamente iria defender a Europa, defender os valores democráticos da liberdade, os valores cristãos. Uma batalha decisiva nas margens do rio Vístula que, pelo grande desequilíbrio nas forças, já que o exército soviético, o Exército Vermelho tinha uma grande força, bem maior do que o exército polonês que, naquele momento, conseguia mobilizar, esta batalha foi chamada “Milagre do Vístula”. Na verdade, não foi milagre, foi uma manobra militar, maravilhosa, do Marechal e grande líder estadista polonês Iózef Pilsudski. A vitória dos poloneses nesta batalha salvava a Europa de uma ditadura cruel, de um sistema que, nos últimos anos, todos pudemos ver. Novamente a Polônia levou a derrubar esse sistema. Exatamente o Sindicato Solidariedade, a partir de 1980, começou um grande trabalho por dentro desse sistema, já que a Polônia, depois da 2ª Guerra Mundial, na qual também mostrou ser um grande aliado dos países que lutavam contra o nazismo na defesa dos direitos da humanidade, dos direitos humanos. Na Conferência de Yalta, em fevereiro de 1945, nós, poloneses, dissemos vendida, para a Rússia Soviética de Stalin, foi deixada na área de influências da Rússia Soviética da União Soviética e o comunismo, na Polônia, a partir deste momento, foi implantado. Mas como os poloneses sempre tem essa contribuição para a humanidade, até com este comunismo eles também acabaram. Grande estadista polonês, grande sindicalista, Lech Walessagvaoensa, foi um grande líder nesta luta, mas também não seria talvez levado ao sucesso se não fosse um grande apoio moral, de um outro grande líder, de uma pessoa que todos no mundo aceitam como um grande líder moral, que é o nosso Santo Papa João Paulo II.

Essas contribuições todas mostram que nós, poloneses e descendentes de poloneses, podemos nos orgulhar muito pela nossa Pátria, e podemos nos orgulhar também pela contribuição dos poloneses e seus descendentes para o desenvolvimento deste lindo País que é o Brasil.

Eu trouxe, hoje, para a biblioteca da Sociedade Polônia em Porto Alegre, um livro com as biografias dos principais vultos, das principais contribuições, pessoas que mais contribuiramcontribuíram exatamente, de descendência polonesa, que contribuiramcontribuíram para o desenvolvimento da cultura e da economia brasileira. Esse livro encontra-se na Sociedade Polônia a todos os interessados. Eu eu gostaria de incentivar a ler, porque ele aumentou é uma leitura muito interessante, e para nós descendentes é também uma questão de orgulho.

As relações entre a Polônia e Brasil sempre foram exemplares. qQuando em 1918, em onze Países do mundo passaram a reconhecer esta independência. Quando a Polônia ainda não existia, a Polônia conquistava a sua independência, o Brasil foi um dos primeiros no mapa, o grande estadista brasileiro Rui Barbosa, já se manifestava a favor dessa independência.

As relações Polônia- Brasil, durante toda a sua história, foram sempre exemplares, exemplos para outros países de como duas nações separadas por um oceano pode conviver amigavelmente com muitas contribuições., uUm País como outro com muitas atividades culturais, com muitos intercâmbios. Uma outra prova dessa grande amizade que nos une é a data nacional da Polônia, aprovada pela Câmara Municipal de Porto Alegre.

, Mmais uma vez, o meu sincero agradecimento aos autores dessa idéia maravilhosa e coloco, mais uma vez, o Consulado à disposição para que, no futuro, essa data possa ter um conteúdo muito grande, para que possa se tornar um ponto de referência da comunidade polonesa no Brasil, aqui no Rio Grande do Sul e nos outros Estados. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Assistiremos, a seguir, a apresentação do balé folclórico.

 

(É realizada a apresentação.) (Palmas.)

 

Recebemos do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul e do Embaixador da República da Polônia correspondências parabenizando pelo Dia Nacional da Polônia.

Agradecemos a presença de todos, das autoridades já mencionadas e da Presidente do Conselho Deliberativo da Sociedade Polônia, Sr.ª Longina Konad.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Rio-Grandense.

 

(Executa-se o Hino Rio-Grandense.)

 

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 19h16min.)

 

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